sábado, 6 de fevereiro de 2010

Aprendendo com nossos erros


Há alguns dias fui ao cinema com minha família para assistir o filme Avatar. Uma das falas durante o filme me levou a uma antiga reflexão. Um dos personagens fez um comentário dizendo: o ser humano não é capaz de aprender porque é cheio de orgulho e acha que tem a resposta para tudo, portanto não cabe dentro dele a sabedoria dos povos da floresta.
Parece um comentário radical, mas a meu ver é muito atual e um tanto quanto sábio.
Alguém se lembrou de dizer aos povos nativos que ainda restam no Brasil e no mundo: olha, desculpa, vocês tinham razão!
É isso mesmo, pedir desculpa, afinal estamos falando de coisas na atualidade, que há muitos anos já faziam parte da sabedoria desses povos e foram passadas de geração a geração. As tribos indígenas aprendiam sobre a importância de viver em equilíbrio e ter respeito pela natureza, pela cultura. Hoje em dia falamos em desenvolvimento sustentável, pois o planeta não comporta mais o tipo de desenvolvimento que tivemos durante todos esses anos e eles já falavam sobre isso há 500 anos atrás! A questão é que somos tão orgulhosos que não observamos manifestações aparentemente simples, mas de uma grande complexidade e beleza. Valorizamos a inteligência e menosprezamos a sabedoria, a cultura de um povo. Esses povos estavam falando de um planejamento que possibilitasse que a vida do ser humano nesse planeta fosse possível durante muitos e muitos anos e que a natureza fosse compreendida e respeitada.
Não só falando sobre natureza, mas visando também a questão social, hoje em dia estudamos em Psicologia sobre a importância do contato entre filhos e pais, especialmente mãe e filho durante a gestação e a primeira infância, a importância das atividades lúdicas quando criança para o desenvolvimento das pessoas, a importância da família e cada papel que as pessoas representam dentro dela, enfim, coisas que os povos indígenas já faziam naquela época. Os filhos dos índios Guaranis já eram chamados por seus nomes desde quando estavam na barriga de suas mães.
O ser humano do Ocidente ainda está evoluindo no sentido de valorizar essas questões, de saber ouvir mais, observar ao seu redor, e aprender não só a nível intelectual, mas também emocional. Temos que não só ter consciência, mas nos sensibilizarmos em relação ao meio ambiente e tudo que ele engloba. Até existem pessoas que tentam fazer algo como separar o lixo, não usar mais saquinhos plásticos no mercado, o que é válido, porém até que ponto estamos mudando nosso comportamento de fato? O que fazemos quando estamos “nós com nós mesmos” entre quatro paredes? Estamos realmente mudando nosso comportamento ou adotamos posturas para sermos bem vistos perante a sociedade?
Vamos supor que você tenha uma piscina e perto dela tenha uma árvore. Essa árvore perde as folhas o ano todo e você tem que limpar essa piscina várias vezes ao dia para mantê-la limpa. Você fica com a árvore ou manda cortá-la? Caso você não queira nem perder tempo em pensar sobre isso porque não tem piscina, mas gosta de comer carne, churrasco... Você está preocupado com o desmatamento. Você se propõe a não comer mais carne para evitar a necessidade dos pastos?
No imaginário da população urbana ocidental, homem e natureza são coisas distintas. A noção de que um depende do outro e que estão interligados fundamenta a visão do universo das populações de índios, ribeirinhos, entre outros. Só há alguns anos atrás a ciência ocidental começou a entender melhor como as forças que moldam e condicionam a vida no Planeta estão interligadas em uma cadeia que se manteve estável por milhares de anos.
Em 500 anos, destruímos mais de 90 % da Mata Atlântica, abrigo dos mananciais de água que alimentam 60 % da população brasileira. Mas nossa memória é curta, não é mesmo? É bem confortável ter memória curta.
O ser humano deve conhecer a si mesmo melhor e encarar o que está realmente disposto a mudar para que possamos começar a atuar de forma mais efetiva em relação a situação sócio-ambiental que estamos vivendo atualmente. O que realmente conseguimos mudar em nós mesmos e em nossas vidas para ajudar?

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